segunda-feira, dezembro 29, 2008

Concurso nº271941-as/28 de 29 de Dezembro de 2009


Serve o presente documento para declarar oficialmente abertas as inscrições para "o primeiro beijo àséria de 2009". O concurso tem por objectivo mínimo, como o próprio nome indica, seleccionar um elemento do sexo feminino para, num qualquer dia próximo do inicio do ano de 2009, partilhar o dom do beijo possuído pelo gerente deste espaço.

Às candidatas é exigido:

1 - Curriculum Vitae, incluindo relações actuais, passadas e perspectivas de uma relação futura;
2 - Duas fotografias (tipo passe e corpo inteiro, com ou sem amigas);
3 - Um pequeno texto (1000 palavras) acerca da actual situação do Darfur e da influência no preço do carvalho francês;
4 - Referências do grupo de pares (1 homem, 1 mulher, 1 vizinho/a), de modo a auferir o grau de comportamento em situações sociais;
5 - Cópia do Boletim de Vacinas actualizado;
6 - Último recibo de vencimento (no caso de já se encontrar no mercado de trabalho);
7 - Uma receita original, que, contendo cogumelos, natas e um bife, não seja bifinhos com cogumelos;
8 - Aspecto físico acima do não-vomitável;
9 - Tetinha que, de modo aceitável e sem grandes descaimentos, encha a mão e conforte o espírito;
10 - Dentes cuidados, livre de chumbo e/ou cárie;
11 - Um gosto bizarro por sexo bruto, chegando a gerar sangue em mais que uma ocasião;

Os documentos que constituem a proposta e que constam deste programa de concurso devem ser encerrados em invólucro opaco e fechado, no rosto do qual deve ser escrita a palavra “Proposta”, indicando-se o nome ou a denominação social do concorrente ou, se for o caso, dos membros do agrupamento concorrente e a designação do concurso. O invólucro referido no número anterior poderá ser enviado: a) por correio com aviso de recepção; b) por correio electrónico; c) deixando um comentário ali em baixo, devendo, em qualquer caso, a recepção ocorrer dentro do prazo fixado para a apresentação das propostas (30/12/08)

O júri será composto por um grupo selecto de avaliadores, nomeadamente a direcção do blog estranhavida, em conjunto com algumas das personagens fictícias mais relevantes da vida do gerente. Este júri avaliará as propostas, regendo-se por uma tabela de classificação elaborada com escrutínio ao longo dos anos e baseada em variados encontros sexuais, reais e cinematográficos. À candidata será atribuída uma classificação. A candidata com maior classificação será a vencedora do concurso.

Se's:
1- Se a candidata for um monstrinho, reserva-se a gerência deste blog o direito de admissão no concurso, bem como a sua exclusão em qualquer parte mais avançada do mesmo;
2 - Se a candidata estiver na categoria do não vomitável, ganhar o concurso e se por qualquer motivo se arrepender, fica a informação da existência da cláusula na qual se lê "e servirá como escrava sexual esta criatura, assim como publicado em Diário da Republica em 28/12/08";
3 - Se a candidata estiver numa categoria bem acima do não vomitavel e, derivado de queimaduras graves na face, não estiver "aceitável" para o acto, é-lhe concedido um período de recuperação mínimo de 2 meses e máximo de 23 anos. Caso a deformação seja permanente e nem com muito gloss e base lá vá, ler linha 1 dos se's...;
4 - Se a candidata for menor de idade ( <18>).....se já há relva no campo, já se pode jogar;

Apressai-vos então, e boa sorte!

Vida real para o tuga...











Segundo o Diário Económico:

(...)"Os portugueses já gastaram 1 547 milhões de euros em compras nos 18 primeiros dias de Dezembro. Contas feitas ao segundo dá 29 operações que correspondem a um gasto de 995 euros"(...)
"Nos primeiros 18 dias de Dezembro, os portugueses levantaram ainda 1.388 milhões de euros, mais 13% que em igual período de 2006. Qualquer coisa como 893 euros por segundo. Contas feitas, os gastos nesta época natalícia dispararam. Diariamente foram levantados 77 euros e efectuadas compras no valor de 86 euros, respectivamente, mais cinco e quatro euros. Estes dados contrariam as previsões que este ano os portugueses iriam gastar menos dinheiro com os presentes de Natal. Em termos globais, aumento do valor total das transacções com multibanco (levantamentos e pagamentos directos) foi de 6,3% para 2.935 milhões de euros. Os montantes podem não estar directamente relacionados com as festividades que ocorrem neste período do ano, mas as compras natalícias têm um importante contributo. Somadas todas as operações Multibanco da primeira e segunda semana de Dezembro, conclui-se que em Portugal gastaram-se 1887 euros por segundo."

Atenção que estes dados referem-se apenas até ao dia 18 de Dezembro. Sendo o tuga tão "característico" nesta situação das prendas natalícias, o mais certo é este valor ter duplicado ou triplicado até ao santo dia. É o que há...

terça-feira, dezembro 23, 2008

Séries!

Nostalgia...
Uma pessoa vê muita coisa, televisivamente falando, ao longo da vida.
Quantidades industriais de esterco mal cheiroso eram-nos forçadas diariamente através do vidrinho (não havia cá plasmas ou lcd's) mágico, e uma pessoa via, porque apenas eram disponibilizados 4 canais (mais os espanhóis, mas era tudo dobrado e só tinha piada ver algumas coisas, nomeadamente o dragon ball...quantas vezes disse "ondaaaa vitaaalll...yaaaaa!!!" ao longo da minha infância?). Séries como "Macgyver", "Esquadrão classe A - Soldados da Fortuna" e "O justiceiro", só para referir algumas, fazem agora parte do nosso imaginário que mais estimamos. Parte de nós.
Crescemos com elas e na altura tudo aquilo fazia sentido, era real! Existia um carro falante do outro lado do oceano que combatia o mal e chegou a ter um igualzinho a ele que combatia o bem, o senhor Richard Dean Anderson tinha capacidades para, apenas com uma caixa de fósforos, um elástico e uma palhinha cortada ao meio fazer uma moto serra que ia acabar com a fome num pequeno País de África, um grupo de ex-combatentes do Vietname conduzia uma carrinha preta com uma risca vermelha (como as dos ciganos, mas com uma pinta do caralho) e realizavam as missões "impossíveis" que mais ninguém conseguia.
Estas séries, transmitidas na TV, sem internet para fazer downloads e sem DVD's especiais com as temporadas completas + extras, eram acompanhadas religiosamente pelo fiel espectador, fã ou ocasional transeunte televisivo. Para os que já tinham VHS, caso não se estivesse em casa à altura da transmissão, era programar-se o video para gravar de X a Y hora, correndo o risco de falhar ou o inicio ou o fim, consoante a pontualidade da estação televisiva. No dia pós-transmissão, tinha-se o hábito de discutir o episódio com os amigos, partilhar opiniões sobre o rumo da história e insultar e/ou elogiar os personagens, consoante a situação (e, para alguns, consoante o video ter comido a fita ou não).
A internet deitou por terra esta "mística" aliada à transmissão de uma série. "Dá a que horas?" "Caga, depois saca-se"..

Confesso que sou um fervoroso consumidor de "chupanços" da internet, fazendo downloads de filmes e séries (a maior parte não vejo, para grande pena minha. Demora-se 13 segundos entre fazer a pesquisa e carregar no "download" e ver um filme ronda os 100 minutos) e sou em tudo pró-download ilegal, antes de me chamarem coninhas. Só a oferta que trouxe...e desta vez nem estou a falar do porno!
Mas, tenho saudades de poder discutir uma série "em grupo". Normalmente, discuto acerca das séries que vislumbro com uma ou duas pessoas (no máximo) que, ou já viram a série toda antes de mim, ou ainda vão muito atrasadas. Não há aquela partilha de ignorância sobre o que se vai passar a seguir, não há o discutir sobre o "epa, de certeza que vai acontecer isto" ou "cá para mim, aquele filha da puta vai morrer no próximo episódio"...

Isto tudo para quê?
Pergunta o fiel leitor já com uma lágrima nostálgica a escorrer pela face esquerda..

Para falar de uma série que, mais que recomendo, obrigo (!) todos os que me visitam a acompanhar, seja sacando ou vendo na tv (não me perguntem se, e onde é transmitida, não faço a mínima ideia). Estou a falar do triunfante regresso de David Duchovny ao pequeno ecrã, depois de longa ausência, pautada com algumas participações esporádicas em séries merdosas.




CALIFORNICATION

Série que terminou a 2ª temporada dia 14 do corrente mês e que se arrisca a figurar no top, lá ao pé de Seinfeld e de X-files.
A história é relativamente simples. Um escritor de meia idade com um one hit wonder convertido em filme, a sofrer um bloqueio de escritor (writer's block tem tão mais nível) para o seu próximo livro, separado da ex-companheira, mas com uma filha fruto dessa relação, facto que não permite o total distanciamente do "verdadeiro amor".
David Duchovny faz um papel do caralhÃO, superior a qualquer papel que fez até agora (melhor que em ficheiros secretos ó labrego? pergunta o leitor. Sim! replico.), os argumentos são algo fora do normal, sofisticados, sexuais, cómicos, românticos, sarcásticos, dramáticos, sexuais (sei que repeti).
Não é uma série que se centra apenas num personagem e caga de alto para os restantes, a todos são atribuídos papeis de destaque, com mais ou menos relevância para a história.
Os diálogos são algo de extraordinário, especialmente os de Hank Moody (Duchovny), obviamente. Viciantes, de não conseguir desviar o olhar com receio de perder uns segundos que seja. Hank Moody tem a capacidade de, por mais enterrado na merda que esteja, conseguir arranjar maneira de lhe despejarem um camião cheio de bosta fresquinha de gado mesmo em cima da cabeça.
E chamo aqui a atenção, quando digo que os argumentos são sexuais. Não estamos na presença de brejeirices ao nível de anedotas do fernando rocha e de qualquer um que vá ao levanta-te e ri, são argumentos inteligentes, frescos, dinâmicos, como há muito não se via numa série e que provocam aquele vício em ver só mais um episódio.
São perto de 30 minutos em que, no meu caso, vivo o Hank Moody que há em mim, com a certeza, porém, que na vida real, todas as gajas boas que conheço não me querem levar para casa para me saltar à espinha. É o único defeito, transportar-me para esse mundo...

domingo, dezembro 21, 2008

O porquê de perder horas e horas no youtube...

...descobrem-se pérolas como estas:

versão original:





..e versão "mixada":


quinta-feira, dezembro 18, 2008

Agora a sério...

...alguém já recebeu ou ofereceu meias desde que se lembra de comemorar o natal?
E de onde vem esta, vá lá, tradição, impulsionadora de elevado grau de ódio e vómito pela pessoa ofertante?
Procurei um pouco pela net (mas não muito, que pesquisar mais do que 2,5 minutos este assunto, desperdiçando precioso tempo de pornografia online atrapalha-me o dia-a-dia habitual) e o que encontrei foram as informações acerca do acto de pendurar a meia, como receptáculo para as prendinhas que São Nicolau traz aos bem comportados.
Quem, na história da humanidade, terá decidido "Bom, este ano é tudo corrido a meias que não estou para me moer com esta merda?"

Porque não na fonte? A mãe do cristo. Vejamos:
Primeiro, que presente é que se dá ao salvador? Cheque prenda da fnac está fora de hipótese, uma noite com lapdances pagas no passerelle também não seria, em principio, do agrado do senhor...

Meias!! O rapaz anda pelas colinas da Galileia à noite, a curar leprosos e paralíticos e ,parecendo que não, vai-se sentindo o fresquinho só com as chanatas (sandálias, portanto). É quase com 0.2% de certeza que afirmo que consta da bíblia a seguinte passagem: "E Maria, Mãe de Jesus, cabelo escorrido e gasto, de um tom mel-acastanhado, face pendente, com traços permitindo facilmente identificar uma vida sofrida, limpou o suor que escorria pela face esquerda e proferiu em tom delicodoce: Ó JESUS! Pára lá de andar na água e curar essa gente faxavor e vem pá mesa que o jantar está a arrefecer e o teu pai já me está a chatear a cabeça! E nem penses que entras em casa com esses pés todos cagados de lama. Tens aí as meias que te ofereci nos anos, porque é que nunca as usas, rapaz? E se logo é para ires ver a bola mais vale teres os pés quentinhos que sempre estás mais confortável... "


Só vou oferecer meias quando valer mesmo a pena. A saber:



Falo da existência de uma combinação cromática entre cuecas e meias, obviamente...

sábado, dezembro 13, 2008

Diarreia milagrosa...

Este vai ser curto, para não chatear tanto como os últimos dois que, convenhamos, ultrapassavam a barreira do "a-ler-porque-não-é-muito-extenso". Tenciono apenas abordar dois temas.
Pergunto-me que tipo de vida tem uma mulher dos seus 60 e muitos anos que, ao esperar pela sua vez na fila dos correios, partilha e descreve ao mais ínfimo pormenor, em alto e bom som, os últimos momentos de vida do seu (ex) companheiro até embarcar na última viagem, de encontro ao criador.
Frases como "vi logo que era estranho porque tava com baba ao canto da boca e não falava", "ainda o tentei chamar porque pensava que tava a brincar mas comecei a achar aquilo muito estranho" culminando com "e depois pronto, foi o último suspiro que lhe ouvi".
Agora...e ligar o 112 em vez de estar a querer brincar ao jogo das descodificações? Não seria ligeiramente melhor?


E agora, o que me levou realmente a escrever. Esta parte do texto coaduna-se mais como um workshop para as femininas, e um alerta para os machos. A reter.

Todos, ou a maior parte dos homens, tem algum grau de familiaridade com a frase "Hoje não amor, dói-me a cabeça". Quantos não saíram já de casa, ainda com o capote peniano enfiado e a baloiçar enquanto o membro retorna ao estado flácido, a largas horas da madrugada, para se dirigirem a uma farmácia de serviço para adquirir a clássica aspirina? Para depois chegar a casa e ver que a situação se mantém e mesmo com aspirina não vai lá?
E quantos não sabem já que a história da dor de cabeça é facilmente forjada e pode ser utilizada em qualquer altura que pura e simplesmente apeteça mais ver a novela da sic ou os mini malucos do riso? O resultado de longos anos de utilização é agora sinónimo de descrença e futuros problemas conjugais por parte do elemento masculino do casal. Raro é o macho que ainda acredita na mítica frase da dor de cabeça. É dessa noção que parte este estudo.
Este estudo teve a participação de 15 homens, com idades compreendidas entre os 18 e 30 anos de idade, actualmente com relações sexuais activas, uns mais que outros. Os resultados por mim obtidos apenas vieram confirmar a minha premissa inicial.
Aqui fica então a conclusão do estudo a que dediquei longas horas de análise e interpretação de dados:

"Hoje não amor, estou com diarreia"
Esta frase tem tudo para substituir a clássica dor de cabeça. Mantém a parte amorosa que transmite o estar lá como casal, para além de justificar incontornavelmente o porquê de não poder haver penetrações naquele instante.
Um macho considerado normal, assusta-se com diarreia, a simples ideia de uma mulher poder largar dejectos líquidos de esguicho assusta e associar essa ideia a uma relação sexual é o suficiente para desligar no cérebro masculino a parte destinada ao sexo e transforma-la em algo como "ok amor, vamos ver um filme, contar histórias um ao outro e rir até de madrugada com as situações engraçadas que já vivenciámos juntos".
No caso de se ocorrer a situação em que a frase "diarreia?? Cêm prúblema! escurrega melhor e tudu" o simples facto de privar este personagem de sexo por uma noite deverá ser o menor dos vossos problemas....




Aqui podemos ver o pioneiro, em Portugal, deste tipo de "justificação", aqui aplicado por um membro masculino ao mundo do Futebol. Grande Barroso

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Tudo isto é triste, tudo isto é...qualquer coisa não muito satisfatória e a roçar o vomitavel...





Eis-me chegado de mais um filme Português acabadinho de estrear nas salas de cinema, desta vez, espante-se o curioso leitor, falado em...isso mesmo, Português de Portugal (ainda não vi o Arte de Roubar, o tal filme Tuga com título Português e todo ele falado em Inglês Estado-Unidense, Inglês esse que, só pelo curto trailer, reveste-se de uma enorme capacidade de rivalizar com o ocasional turista Japonês de visita ao nosso País. Outra coisa engraçada deste arte de roubar é a óbvia e instantânea comparação com qualquer coisa já previamente idealizada por Guy Ritchie. E atenção, esta apreciação é apenas e só com a visualização do trailer em conta! Ainda espero ver esta pérola um dia), talvez para inovar um pouco o panorama cinematográfico nacional. E de que maneira se pode continuar a inovar? Bem, através da sonoplastia deste filme não será certamente. Aparentemente todos os actores possuem um microfone alojado nas cordas vocais e a voz que emitem é do mais puro e irrealista que pode existir no cinema "profissional", nem tentando disfarçar a total gravação em estúdio. A sincronização com a parte visual pode ser tudo, menos sincronizada. Para além disso, todo o som de background é rídiculo e aparentemente terá sido feito numa cave, com o auxílio de alguns tachos, panelas e utensílios variados da loja do euro e meio. Até porque o filme se passa maioritariamente nos anos 50 e nessa altura não havia grandes coisas a fazer barulhos....e, calhando, a haver mais que a ausência total de ruído de fundo normal numa cena de rua em que ocorre um diálogo, só iria servir para distrair...

Pois bem, Amália, filme-homenagem à deusa do Fado, apresentado como uma biografia ficcionada da artista, custou cerca de três milhões de euros, e conta no elenco com mais de 40 actores e 1.300 figurantes. Vai chegar a 66 salas nacionais e terá distribuição mundial em cerca de 20 países, o que o torna a maior estreia de um filme Português. O realizador é Carlos Coelho da Silva, o mesmo de "O Crime do Padre Amaro", e confesso que até senti falta da Soraia Chaves neste filme, ela que começa a tornar-se um Will Smith cá da praça, ou seja, garantia de €€€, desde que haja mamaçal desnudo e a badalar à bruta.
Vamos voltar ao filme que só de falar da Soraiazinha fico logo desorientado e cheio de dores no saco escrotal.

Para uma sinopse do filme visitem o site oficial (www.amaliathemovie.com/pt). Eis então algumas coisas que me causaram desconforto abdomino-pélvico:

Amália é retratada como uma esquizofrénico-ninfomaníaco-psicótica que sofre de alucinações desde tenra idade (não explicam, no entanto, se pode ou não haver ali abuso sexual por parte do avô. O que é certo é que na cena inicial, em pequena, foge a sete pés quando o pai entra para o comboio com a irmã e fica apenas com o sénior. Uma reacção destas hoje em dia levantaria suspeitas, mas isso pode ser de mim que acho engraçado ver duas girafas a praticar o coito enquanto penso nestas coisas).

A nível de trabalho de câmara temos um bom desempenho, quase ao nível dos Malucos do Riso ou, quiçá, do Preço certo em €uros...recorrer ao "andar a filmar à volta da personagem" não é original, apenas revelador de preguiça em usar várias câmaras para planos diferentes. O director parece que ficou congelado em 1990 e há episódios do Ligar para ganhar mais interessantes a nível estético, e não é por estarem lá os decotes das meninas.

Sonoplastia tive de referir logo na introdução deste post, tal não é o cheiro a merda que emana e se entranha á medida que o filme decorre, e duas horas e 7 minutos de merda auditiva custam a digerir.

A participação de Ricardo Carriço é o ponto alto do filme. Interpreta César Seabra, a principal relação amorosa da vida de Amália. Após todos os deslizes amorosos e com um medo crescente da solidão, Amália aceita casar-se, via telefone, com o engenheiro mecânico, a residir no Rio de Janeiro. E porque é este o ponto alto do filme? Pergunta o já irritado com a extensão do texto leitor?
Apenas e só pelo dialecto com que Carriço se apresenta, uma mistura de Português primitivo de Cabeços de Baixo com Brasileiro selvagem, ou seja, ficamos mesmo à espera que, a qualquer momento, as próximas palavras a ser emitidas sejam algo como:
"vô sácániá beim legáu ná sua bunda" ou um "pegá lévi pô, fódji gôstoso sua búcêta"
Sim, é assim tão bom...

Para concluir, tratando-se de um biografia, com distribuição para mais de 20 Países, cujo principal objectivo seria mostrar a vida da fadista, ascensão e "queda", podiam, sinceramente, ter optado por algo melhor, mais ambicioso, mais fiel à artista (a família já veio afirmar que o filme investe repetidamente em ficção em detrimento da realidade) e não uma obra vincadamente ficcionada, muitas vezes sem nexo aparente, sem ligação entre cenas/história, que, sinceramente, deixa uma imagem algo negativa da artista. Isto a mim, que conheço muito pouco da história da mesma e até fui esperançado de "aprender" alguma coisa...real.
127 minutos de filme pode parecer muito, mas 22 fados ao longo do filme ocupam muito tempo...



Em nota de curiosidade, Amália tem um fado intitulado "Estranha forma de vida". Fica o esclarecimento que o mesmo não serviu como inspiração para o título deste blog, apesar da inegavel qualidade do mesmo:

Foi por vontade de Deus
que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda a minha saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
tem este meu coração:
vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
coração que não comando:
vive perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.

Eu não te acompanho mais:
para, deixa de bater.
Se não sabes aonde vais,
porque teimas em correr,
eu não te acompanho mais.