A vida é estranha, e este é um blog sobre ela. Sobre tudo e sobre nada. Sobre nada e sobre tudo. Puta de vida.
sábado, julho 31, 2010
A revolução do cinema, na actualidade...
Nos primórdios, o Desenho e a Pintura eram o expoente máximo de representação dos aspectos dinâmicos da vida humana e da natureza, retratando momentos, situações, histórias numa imagem estática para um eventual público. Depois surgiu a fotografia.
O primeiro aparelho com capacidade para mostrar animações ou pequenos filmes ficou conhecido como zoopraxiscópio, patenteado em 1867 lá para as Américas. Em 1890, Thomas Edison inventa o filme perfurado e realiza pequenos filmes no seu estúdio, considerado o primeiro da história do cinema (Black Maria). Filmes esses não projectados em tela mas sim dentro de um aparelho, cinetoscópio, também inventado por Edison. As imagens são vislumbradas por um espectador de cada vez, peep-show style. Pelos lados dA França, os irmãos Lumiére viram o potencial económico e artístico desta invenção Americana e dedicaram o Inverno de 1984 a aperfeiçoar o monstro de tamanho colossal e limitado a um espectador de cada vez e criaram o cinematógrafo em 1895, um aparelho movido a manivela, utilizando negativos perfurados, tornando assim possível a projecção das imagens para um público mais vasto de cada vez. Este aparelho ficou patenteado como o primeiro 3-em-1 da história do cinema, possibilitando filmar, processar o filme e projectar o mesmo, sem estar confinado a um único local, devido às reduzidas dimensões e peso (cerca de 5Kg), quando comparado com o cinetoscópio de Edison.
A primeira projecção "à séria" do aparelho dos Lumiére aconteceu em Paris para um seleccionado número de convidados. A projecção, empregados da fábrica Lumiére em hora de saída da mesma. O primeiro pastelinho de vazio cinematográfico da história.
Mais sessões tiveram lugar e, derivado do nome do aparelho, as salas nas quais ocorriam as exibições ficaram conhecidas como cinemas.
O som aparece 3 décadas depois, no final dos anos 20, pelas mãos da Warner Brothers e o seu Vitaphone, marcando uma nova revolução. Até aí os filmes eram acompanhados por música ao vivo ou narração de diálogos. Muitos Actores e Actrizes consagrados do cinema mudo simplesmente "desapareceram" nesta nova fase. Muitos porque não se conseguiam adaptar a este novo tipo de representação, outros simplesmente porque o público não gostava das suas vozes reais. Chaplin terá sido um dos mais acérrimos resistentes ao cinema sonoro, afirmando que seria a destruição de uma arte. Aderiu em 1940 com o famoso "O Grande Ditador" e, aparentemente, não se arrependeu.
E, no ano de 1950, surge...o 3D. 1950, não é erro, 60 anos antes do boom actual, o 3D foi uma moda passageira nos cinemas. Durante 2 anos (52 a 54), os espectadores tiveram acesso ao, agora ultrapassado, 3D esteroscópico, que consiste na sobreposição de duas imagens distintas, cada uma com um filtro de cor diferente e de ângulos ligeiramente afastados. Os óculos fornecidos eram os famosos óculos de cartão com lentes vermelha e verde que muitos de vós certamente ainda guardam da saudosa colecção dos dinossauros. O abandono do 3D deveu-se sobretudo à necessidade de ter 2 cópias a ser projectadas simultaneamente e à obrigatoriedade da presença de dois projeccionistas rigorosamente sincronizados, caso contrário a visualização correcta do filme seria virtualmente impossível, causando, inclusive, intensas cefaleias aos espectadores.
O evoluir do cinema caseiro, através de Lcd's, Led's, sistemas sonoros cada vez mais xpto e, claro, pornografia romena, fez com que os gurus monetários de Hollywoodland re-inventassem o cinema 3D, esperando que o incauto espectador engula de boca aberta todos os pastelinhos de fezes liquidas contaminadas como obras primas da arte cinematográfica e assim pagar mais pelo bilhete com a desculpa que o 3D envolve mais gastos de elaboração. E assim aconteceu. "Filmes" como Jonas Brothers in concert, Hannah Montana, My Bloody Valentine, Step Up, Need for Speed já aí andam, e não é de admirar que uma futura mega-produção Portuguesa esteja na calha, afinal de contas, 3D e HD são sinónimo de qualidade e é isso que este Público gosta. Só de imaginar um filme como "Second Life" ou "Arte de Roubar" em radiante 3D passa-me logo a vontade de masturbar durante, pelo menos, 2 semanas e meia.
James Cameron foi o re-pioneiro responsável no que toca a reavivar estas andanças do 3D, levou-lhe 10 anos a desenvolver e aperfeiçoar a tecnologia correcta para filmar o seu Titanic dos anos 2000, Avatar. Com todo o sucesso atingido pelo filme ($$$$), os estúdios viram nesta maravilha a porta de saída para a crise instalada no seio (hihi) da indústria cinematográfica. Se até agora estávamos a ser bombardeados com dezenas de remakes merdosos, sem coerência estética e/ou argumentativa a partir deste momento seremos bombardeados com dezenas de remakes merdosos com essa mesma lacuna, mas em 3D. O mundo ficará um local melhor.
E chegamos agora ao ponto principal deste post, depois de uma pequena resenha histórica que me dediquei a pesquisar esta noite e decidi partilhar com todos os milhões que me seguem. O preço dos bilhetes 3D e a filha da putice da Lusomundo em cobrar ainda mais pelos mesmos a partir de agora.
Pois é, confrontado com os coloridos cartazes "traga os seus óculos 3D da próxima vez que nos visitar" imaginei, ignorante e inocentemente, que o preço final do bilhete teria um desconto, uma vez que traríamos os óculos usados numa sessão anterior, já que sempre me deram a desculpa que o preço inflacionado do bilhete 3D comparado com a sessão normal se devia ao fornecimento dos óculos "especiais" Real 3D ou lá o que é. Eis que, como se de um estaladão com um saco plástico cheio de urina e restos de sumo vaginal de puta de rua se tratasse, me informam que o preço inflacionado do bilhete se mantém MESMO que traga os óculos de casa e que, caso não se leve óculos do domicilio, o preço, além do acréscimo habitual, AUMENTA 50 cêntimos. Para além da vontade inata e imediata de colocar o escroto do "bilheteiro" dentro da máquina de pipocas, respirei fundo, contei até 142, pensei em unicórnios e arco-íris e perguntei qual era a razão para esta alteração inesperada de preços, convencendo-me que a culpa não seria deste adolescente de 17 anos que mal conseguia articular palavras de modo a formar uma frase minimamente coerente. A justificação é agora o elevado custo de produção dos filmes em 3D, cerca de 30% superior à dos habituais 2D.
Para além de não concordar e considerar esta jogada apenas mais um método papa-euros dos mesmos génios que introduziram os intervalos nas sessões para capitalizar mais um pouco à conta da venda dos contentores de pipocas e dos baldes de coca-cola (dos quais sou moderadamente dependente, guilty-pleasure), pesquiso um pouco mais acerca desta nova vaga de filmes "3D".
James Cameron levou 10 anos a aperfeiçoar a técnica, e subitamente aparecem dezenas de títulos em 3D.
A diferença é que a grande maioria, senão a totalidade, destes novos títulos, não são filmados com a mesma técnica e tecnologia que James Cameron utilizou. São sim filmados em 2d convencional e mais tarde tratados em computador por nerds do 3D e Cgi (ver aqui http://www.slideshare.net/clydd/2dto3dconvertedmovies). O resultado final é, em muito, pior ao apresentado pelo 3D "correcto", sendo que as diferentes perspectivas e noções de profundidade não são respeitadas. Apenas é 3D o que os senhores entenderem que o é...
Ou seja, vão chular as putas que vos pariram Lusomundo!
Para pagar a nerds dos computadores é arranjar umas meninas de Leste e cozinharem-lhes uns bifes que estão fartos de coca-cola e Big Mac's. Se atirarem lá para o meio um processador topo de gama fazem horas extraordinárias e cantam o hino nacional do Congo ao contrário.
Sempre a chular, sempre a roubar. É legal isto que fazem com a taxa extra de 50 cêntimos sobre um preço já inflacionado? Ninguém se queixa? Acham todos muito bem pagar quase 10€ por um bilhete com uns óculos balseiros?
Mais à merda do 3D...
Nota: o autor deste blog está-se bem a cagar para o acordo ortográfico e deseja aos percursores do mesmo uma morte lenta e dolorosa.
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