domingo, maio 07, 2006

Agora com mais calma...

..e com o sistema nervoso ligeiramente restabelecido, decidi partilhar o que tem acontecido nestes últimos dias.
Muitos poderiam chamar-lhe mau olhado ou praga, vou optar simplesmente por escolher as palavras "azar do caralho" para descrever tudo o que tem acontecido por estes lados.
Depois de perder a minha mãe em março as coisas nunca mais foram as mesmas, para mim, para o meu pai, para os amigos e familiares que conheciam de perto a Senhora (com S grande)em questão e sabiam que nada antevia o sucedido.
Amigos meus que estudavam longe estiveram cá para mim, incodicionalmente. Entre eles o Jaime. O Jaime é um amigo que vem de tras, dos tempos da parvoíce inocente.
A amizade começou na natação, foi nela que nos tornámos manus koxos (eu, ele, pedro, joni e carapinha), sendo que eu era manu koxo honorário porque era o único que nunca tinha ficado literalmente coxo num estágio em santo andré.
Tardes a jogar nintendo, pc, super nintendo, sega saturn, playstation, coca-cola, bolo de bolacha, croissants, banhos da mangueira, disparar com a pressão de ar, jogar à bola no descampado ou simplesmente ler livros do homem aranha, x-men ou super homem eram as férias de verão na altura no monte do Jaime.
Ultimamente o Jaime não vinha à Santa Terrinha muitas vezes, o curso de Engenharia Electrotécnica na Nova (Caparica) e a sua namorada eram agora as prioridades lógicas, deixando sempre algum tempinho para os antigos camaradas de armas quando visitava a terra natal.
No dia 15 de Abril telefonou-me, disse-lhe que estava a ver o Laranja Mecânica. Veio ter comigo e vimos o filme, chegaram mais dois amigos meus, acabou o filme e ficámos até às 4 da manhã a jogar PES 5. No dia seguinte, ao almoço, com os pais, disse aos mesmos que estava preocupado comigo pelo que me tinha acontecido e que agora vinha mais vezes à Santa Terrinha para estar comigo.
Passados 3 dias o Jaime decidiu pôr termo à sua vida, lançando-se despreocupadamente de uma ravina. Esteve dois dias desaparecido até a polícia o encontrar. Justificação? Universidade.
Mais uma vez e praticamente com um mês de intervalo, a frase "como é que é possivel?" ecoou pela minha cabeça vezes sem conta, acrescentando um novo tormento ao já sempre presente.
Fica bem puto.
Uma semana depois sou informado pelo meu pai que o meu tio avô (irmão da minha avó, tio do meu pai) é assassinado pela mulher enquanto dormia com um tiro de caçadeira e a mesma se enforca logo depois.
Confesso que não era próximo destes familiares, mas...família é família, e o que me preocupa mesmo é a minha avó e o meu pai, pois começa a ser demasiadas coisas para assimiliar, aceitar dentro dos limites do possivél e olhar para a frente.

Últimas palavras a dizer:
Mãe, toma conta dele.
Jaime, toma conta dela.
Manus koxos para sempre.

O que é que se passa com as pessoas?

Sem comentários: